Ladrões clonam controle remoto de garagem


Seu Condomínio está seguro? Com apenas 256 códigos (frequências de controles remotos), um ladrão pode abrir todos os portões de garagem da cidade, inclusive o seu. Mas, se pode dificultar isto, aumentando o número para até 4 milhões de combinações. 


DOMINGO, 10 de março de 2002 O GLOBO


“Ladrões clonam controle remoto de garagens

Fraude permite a quadrilhas assaltarem prédios e já fez dezenas de vítimas, principalmente na Zona Sul

Condenado desde 1999 pela indústria eletrônica, que deixou de fabricá-lo, um aparelho de controle remoto ainda muito usado pela população passou a ser a mais nova arma dos ladrões do Rio. Com procedimentos simples, os bandidos estão conseguindo clonar os aparelhos e abrir portas automáticas de garagens de prédios que acessaram. A fraude já fez dezenas de vítimas, principalmente em condomínios da Zona Sul, que passou a ser investigada por policiais da Delegacia de roubos e Furtos (DRF).Controles Remotos de Garagens


Apenas no ano passado, segundo a estatística fornecida pela Secretaria de Segurança e Justiça, foi registrada uma média de quatro assaltos a residências e prédios por dia no Rio. No total de 1.422 assaltos a residências aconteceram em 2001. Em 2000, o número de roubos chegou a 1.403.


Fraude exige pouco conhecimento de eletrônica.


Os controles remotos que abrem portas automáticas de garagens têm funcionamento semelhante ao dos rádios de ilhas. O equipamento é alimentado por uma bateria e, quando acionado, emite um sinal de radiofreqüência modulado e codificado para um aparelho receptor instalado na porta do prédio ou da casa. O sinal então é decodificado e repassado a um relê (outro aparelho receptor) que aciona o mecanismo que abrirá a porta da garagem. Todos os controles funcionam por códigos combinados. Os modelos antigos, condenados pelos fabricantes, são facilmente clonados porque o número de combinações é pequeno, não passando de 256.


O delegado Alcides Iantorno de Jesus, diretor da Divisão de Roubos e Furtos, contou que a fraude mais comum acontece da seguinte forma: o bandido, com um mínimo conhecimento em eletrônica, consegue um controle remoto qualquer (de preferência um modelo antigo), abre seu mecanismo interno e altera aleatoriamente a· combinação de seu código. Depois ele sai testando o controle até conseguir abrir uma garagem. Se tiver sorte, em uma manhã abre até duas portas automáticas. Anota tudo e volta à noite para assaltar o prédio – contou o delegado Alcides Iantorno.


O delegado lembrou que, embora a polícia esteja há pelo menos um ano investigando

a fraude, não existe uma estatística de quantos assaltos já foram praticados com a clonagem de controles remotos. Mas o número é alto. A clonagem também tem sido usada por bandidos para destravar portas giratórias e assaltar agências de bancos.


Pedindo para não serem identificados, um empresário do setor e um engenheiro

eletrônico disseram que o mercado está oferecendo modelos mais novos que não podem ser clonados. Com até quatro bilhões de combinações, os códigos não são repetidos. – Ainda não são usados porque são desconhecidos pelo usuário. São mais caros, mas muito mais eficientes disse o empresário. “ – Antônio Werneck